quinta-feira, 15 de outubro de 2009

NOTA OFICIAL

CONTAG critica dados da pesquisa CNA sobre assentamentos
Os resultados da pesquisa sobre os assentamentos do governo federal divulgados pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) na terça-feira (13) não passam de um factóide político. O universo pesquisado é inexpressivo ‑ envolve apenas 0,1% de assentamentos, sendo que alguns remontam ao período do governo militar ‑ e a metodologia utilizada é obscura. Portanto, fica claro que o objetivo da CNA é desqualificar a luta pelo acesso à terra, frear as políticas públicas que promovem o desenvolvimento rural no País e fazer luta ideológica contra a reforma agrária.

A Contag tem manifestado publicamente suas críticas contra a timidez e as limitações do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA). Não temos dúvida de que, infelizmente, o governo Lula, assim como os anteriores, não priorizou a implementação da reforma agrária no país. O descumprimento da lei que obriga a União a publicar a portaria que atualiza os Índices de Produtividade Rural é uma prova clara desta dívida com a democratização das relações sociais e econômicas no meio rural.

No entanto, não podemos aceitar que o fraco desempenho do governo federal na implementação do PNRA sirva para legitimar o discurso dos representantes do agronegócios. As raízes das desigualdades e da miséria no campo estão assentadas, sobretudo, na estrutura fundiária arcaica e concentradora de terra e renda que o País ainda conserva em pleno século XXI.

A reforma agrária, devidamente articulada com as políticas públicas de crédito, assistência técnica e comercialização, continua sendo fundamental para fomentar o desenvolvimento rural sustentável. Desse modo, o aprofundamento dos programas de reforma agrária e de crédito fundiário deve ser acelerado para garantir a política de segurança alimentar do País e fortalecer a agricultura familiar, que, aliás, foi apontada pelo Censo Agropecuário do IBGE como o carro-chefe da produção de alimentos no País.

O fato de a CNA vir a público para divulgar os resultados desta pesquisa imediatamente após as revelações Censo Agropecuário e em plena Semana Mundial da Alimentação parece não ser uma mera coincidência. Trata-se, na verdade, de uma tentativa de lançar uma cortina de fumaça nos dados do IBGE que apontam o crescimento da concentração de terra e o desempenho extraordinário dos agricultores e agriculturas familiares brasileiras. Essa iniciativa visa, ainda, intensificar a campanha da bancada ruralista de criar mais uma CPMI para criminalizar os movimentos sociais que lutam pela reforma agrária.

A experiência histórica do Brasil e de outros paises mostra que o modelo de produção baseado exclusivamente no agronegócio não é nunca será a alternativa adequada para promover a soberania e segurança alimentar e combater as mazelas das desigualdades sociais no campo.

O discurso político da CNA evidencia que os ruralistas querem manter a estrutura fundiária do campo brasileiro intacta. A Contag tem certeza de que esse caminho não é bom para o País e para a sociedade brasileira. É por isso que mantemos o nosso compromisso de continuar lutando pela reforma agrária e de exigir do governo Lula a publicação da portaria interministerial para atualizar os Índices de Produtividade Rural
À direção

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